Naomi Osaka, jogadora de ténis de 23 anos, número dois mundial.
A jogadora que tem vindo a crescer de forma explosiva principalmente desde 2018, refere que sofre de ansiedade social na sequência dos últimos acontecimentos.
Neste último torneio Roland Garros, decidiu que não iria estar presente nas conferências de imprensa, alegando que as perguntas dos jornalistas por vezes a faziam duvidar dela mesma. Além disso, também relatou que as conferências a faziam sentir uma grande ansiedade.
Num ato estratégico de se auto-preservar ao máximo e estar no seu melhor para aquilo que ia fazer no torneio - jogar ténis - decidiu que não iria realizar as conferências. Foi criticada, foi pressionada, foi multada e foi ameaçada de ser excluída do torneio. Acabou por sair pelo seu próprio pé.
Se eu compreendo que as competições desportivas têm regras? Claro que sim. Se compreendo que a componente publicitária e financeira é crucial para a sustentabilidade dos eventos desportivos... Claro! Mas não compreendo como é que ainda reagimos desta forma a atletas com questões de Saúde Mental.
Ansiedade social não é uma simples timidez, ou um simples medo de falar em público. É uma questão de Saúde Mental.
Saúde Mental até já começa a ser um tema bastante falado, mas será um tema compreendido?
Se fosse uma lesão física? Se a atleta tivesse uma dor de cabeça, de barriga, estivesse com dores nas costas depois de uma queda num jogo e não pudesse comparecer à conferência... Multavam? Ameaçavam?
Não estamos a falar de alguém com o comportamento típico de faltas de respeito pela autoridade, ou que tem tendência a faltar com os seus compromissos. Porque se assim fosse, até justificaria. Estamos a falar de uma das atletas mais jovens de sempre a ter este tipo de sucesso na sua modalidade, o que por si só pode demonstrar bastante compromisso, resiliência, capacidade de trabalho e entrega à sua modalidade.
O que Naomi fez foi um ato de coragem. Em vez de ceder à pressão do contexto para agradar toda a gente e não chatear ninguém, tomou uma atitude de auto-cuidado pela sua saúde, neste caso, mental. E não só de auto-cuidado, não só para ela, está a alertas o mundo sobre as questões da Saúde Mental no Desporto.
O desporto, o mundo, todos precisamos de crescer e de nos sensibilizar mais para a Saúde Mental. Ainda mais! Não só de boca, mas em ações, em mudança de regras e de leis. No desporto, no ambiente empresarial, nas escolas, nas famílias, nos governos.
Coragem Naomi.
Pioneira.
A fazer história.
Obrigada Naomi.
E força!